quarta-feira, 3 de março de 2010

Flashes Revival - A Casinha de Tijolo


Lembro-me que naquele tempo havia entre a minha casa e a casa da minha avó materna, um lugar encantado.
Não tinha lagos nem vegetação luxuriante, era só feito de tijolo, mas era um lugar encantado.

Ao lado do prédio onde funcionou um dos primeiros postos de saúde da vila, a que chamávamos "a caixa", ficava um autêntico mar de tijolo, pilhas e pilhas numa extensão considerável, prenúncio do que viria a ser a galopante construção de prédios, e prédios, e mais prédios.

Gingando por entre as pilhas de tijolo, chegava-se a um improvisado enconderijo, deleite e nostalgia de quem o frequentou pelo menos uma vez, já ciente então que aquela seria mais tarde uma delirante memória dos anos dourados, a ponto de ser algo colocada em causa, entre o mito e a realidade.
Mas aconteceu.

Era como que uma casa na árvore, mas feita de tijolo.
Entrava-se de gatas por um corredor, até uma espécie de sala, com tapetes no chão, sítio para petiscar bolachas e banquinhos de tijolo para ler um livro de banda desenhada, se a quase total obscuridade o permitisse.

Não sei quem construíu o sonho, não me lembro o que mais tinha lá dentro, não consigo precisar quando lá estive, com quem estive e quando tudo aquilo terminou, substituído pela inexorável marcha do progresso.

Talvez o Nelson se recorde de mais.
Talvez possa aqui voltar para melhor definir este flash revival, um dos mais desfocados episódios de infância, mas também um dos mais inesquecíveis.

2 comentários:

Unknown disse...

Ele lembra-se, foi por essas bandas que ele encontrou una nota de 500 paus que lhe deu para comprar uma pilha de BD's! Foi a maior contribuição para a colecção de BD. Mas não foi nessa casota... foi aí por perto, mas acha que a casota ainda não existia.

De resto não se lembra de muito mais do que tu já referiste. Acessos difíceis e estranhos, tipo túnel, ....

ps - continua a escrever porque o fazes muito bem. bjs e abraços, Catarina e Nelson (o Nelson está aqui a ditar-me)

João Paulo Cardoso disse...

Na última frase, percebi ter lido "o Nelson está aqui a deitar-me", e entusiasmei-me um bocadinho, mas afinal não era nada disto...

Vou ter que deixar de ler a autobiografia da Pamela Anderson, está visto...

Beijos e abraços.

P.S:
Raios!!
Uma nota de 500 paus?
Eu só encontrei uma peúga em tons de xadrez, e ainda assim jamais encontrei a outra para fazer o par!!